Sim, estamos na América. O problema é que os publicitários ou as empresas que os contratam confundem o hemisfério. Como se não bastassem as cores surreais, as maquinagens e os retoques visuais, podemos ver claramente na grande maioria das propagandas veiculadas na mídia casas de madeira com gramados perfeitamente cortados, sem muros, com calçadas de concreto liso, cercas brancas separando os terrenos, belíssimos móveis, repleta de itens de decoração e arte em ambientes diferenciados, cachorros Golden Retriever, crianças loiras vestidas de árvores no teatro e furgões vendendo sorvete. Isso sem falar na fisionomia das pessoas, as situações cotidianas e as referências culturais, todas remetendo à América do Norte.
Estamos tão habituados a ver filmes NORTE americanos que nem processamos as imagens divulgadas nas publicidades. Eles pintam essa falsa imagem na cabeça das pessoas como se aquele fosse o mundo ideal, para tenhamos a sensação de viver no seio do capitalismo, com as diversas oportunidades que um alto poder aquisitivo pode proporcionar. Estupram nosso senso de realidade, latrocinam nossa cultura e ferem o orgulho da nação.
É certo que a realidade brasileira não é boa, mas não é por isso que devemos simplesmente ignorá-la e viver no mundo da publicidade. Temos que perceber o que está ruim nas ruas e dentro de nós para transformar o sul em norte.
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